segunda-feira, 17 de novembro de 2008




A farofa em versão eletrônica
Guns N’ Roses lançará tão aguardado CD “Chinese Democracy”


Com certeza todas as pessoas com pelo menos 20 anos de idade já ouviram ou leram a expressão “Chinese Democracy” alguma vez na vida, seja em uma revista especializada em música ou em uma piadinha da internet. A verdade é que trata-se do lendário álbum do Guns N’ Roses, idealizado, produzido e gravado desde 1994 – quase 15 anos de história. Os fãs já tinham praticamente desistido de esperar o disco, acreditando que ele nunca seria lançado, mas, depois de vários “alarmes falsos”, finalmente veio a verdadeira notícia de que ele seria lançado dia 25 de novembro.

Apesar disso, as faixas já circulam na internet – quatro delas ainda são bem difíceis de conseguir. As prévias de download disponibilizadas para as rádios vazaram e anteciparam a surpresa quanto ao conteúdo das gravações. Assim, muitos já o ouviram e aprovaram (ou não), contrariando as expectativas dos integrantes da banda, que pretendiam esconder as canções à sete chaves e aumentar o mistério que envolve o “Chinese Democracy” há mais de uma década.

Os fãs mais conservadores certamente terão mais dificuldade e relutância em aprovar o novo repertório. Isso porque é fato que o Guns deixou de lado a maior parte de suas raízes Hard Rock, para testar um som com mais efeitos, que aproxima-se do “eletronic rock” e até do “New Metal”, comum nos dias atuais. Mas dá pra entender o prisma das mudanças sofridas pela banda. Desde o começo de sua produção, com a mudança de década – e de século –, e as numerosas transformações tecnológicas sofridas até aqui, os membros sentiram-se seduzidos a testar os efeitos eletrônicos que vinham surgindo, ainda mais ao ver outras bandas sucederem-se bem com eles, como “Rage Against the Machine”, “Korn”, “Linkin Park” e “Queens of the Stoneage”.

Chinese Democracy está longe de ser o melhor disco do Guns, mas uma coisa é certa: agora, definitivamente, estará marcado na história mundial do rock – pelo menos como o disco mais demorado, elaborado e um dos mais caros (aproximadamente 13 milhões de dólares). O que os apreciadores mais sentirão falta serão: o timbre agudo de guitarra característico de Slash (atualmente no Velvet Revolver) e a voz forçada e afinada de Axl Rose (único remanescente da formação original) – não que ele a tenha perdido, mas ela aparece mais rouca e em alguns trechos chega até ao grave. Mas, vale reforçar, são quase 15 anos de produção, o que torna natural todas essas mudanças.

As faixas
Veja a análise de cada uma das faixas do tão aguardado disco:

Chinese Democracy: Carro-chefe que leva o mesmo nome do disco. Por incrível que pareça, é uma das mais fracas. Como é a primeira do álbum, quem a ouve, tem a sensação de que o repertório será todo muito fraco, mas não é bem assim. A música "Chinese Democracy" tem muito de experimentalismo, um exagero de efeitos e um peso desnecessário. Axl encaixa um vocal mais Heavy Metal, o que foge totalmente da proposta da banda. Uma pena, pois foi a primeira a ser lançada nas rádios...

Shackler's Revenge: A faixa foi uma trilha especial do jogo "Rock Band 2", mas não justificou tal opção. Até porque, de rock – na maioria de suas vertentes –, ela não tem quase nada. Na verdade, é a que mais se aproxima do eletrônico, devido à quantidade de efeitos. Ficou até bem pesada, o que não passa nem perto de ser uma qualidade. Os fãs realmente vão estranhar...

Better: Sem dúvida a melhor do CD. Apesar do efeito, que aparece no início, meio e fim, há uma sincronia de elementos e uma melodia inquestionável. A linha vocálica e os refrões são os pontos fortes. Há apenas um trecho mais pesado em que o vocal fica, desnecessariamente, muito berrado.

Street of Dreams (The Blues): Uma das baladinhas do lançamento. Começa no piano e ainda marca outras semelhanças com "November Rain". Axl usa um vocal mais rouco e rasgado, mas aparecem muitos de seus “Oh”, “Ah”, “Hum” e “Yeah”, que tornaram-se característicos na banda. A melodia e a letra ficaram bem sincronizadas.

If the World: Outra baladinha. Começa com trechos orientais e, com efeito ou não, a voz de Axl parece mais sensata e bem trabalhada. A batida seca de bateria (quase eletrônica) e alguns poucos riffs, junto a outras dezenas de elementos, fazem dela uma bela música. O solo é um dos mais bonitos e, como será visto apenas em outras poucas partes do disco, há uma semelhança com as guitarras e violões de Slash.

There Was a Time: Uma música com vocal e instrumental que lembra bastante o New Metal de bandas como Linkin Park. Axl chega a grandes agudos mais ao final, mas a canção é bastante monótona. Apesar de bem trabalhada, não é o estilo que consagrou o Guns e os fãs provavelmente vão demorar a se acostumar...

Catcher In The Rye: Mais uma vez, um começo semelhante a "November Rain". Foi uma das poucas vezes no CD que a banda acertou na escolha dos efeitos. Sem excessos e com uma melodia em que pode-se ouvir bem cada instrumento, o Guns volta às suas origens Hard, em refrões bem trabalhados, partes repetidas e clichês.

Scraped: Outra faixa com muitos efeitos e esforços vocálicos desnecessários. Só faltou um baixo com mais destaque para parecer com o instrumental “meio bagunçado” e as “narrações cantadas” do Red Hot Chilli Peppers. A fórmula, porém, não ficou boa. Foi uma das experiências que não deram certo...

Rhiad N' The Bedouins: Talvez a mais enjoada do CD. Apesar de lembrar um pouco o Led Zeppelin, os numerosos efeitos a transformam numa música bem chata. A escolha do solo também não foi boa. Ainda bem que ela tem menos de 4 minutos...

Sorry (feat. Sebastian Bach): uma música que tenha o vocal de Sebastian Bach (clássico vocalista do Skid Row, que atualmente embarca em carreira solo), mesmo como dueto, não pode ser ruim. A dupla Axl e Sebastian deu certo, em uma música simples, sem muitos efeitos, cadenciada e sem exageros nos esforços vocálicos de ambos (Sebastian canta até em tom normal). Muito boa música, que trabalha bem as partes mais leves e as mais pesadas. Uma pena que seja a 10ª música, pois quem ouvir faixa-a-faixa, pode já estar entediado quando chegar nela. Talvez “Sorry” seja mesmo um pedido de desculpas para os fãs...

I.R.S: Um pouco enjoadinha em alguns momentos, mas vai melhorando aos poucos. O IRS, o FBI e até mesmo o presidente são elementos dessa música. O solo faz bem a sua parte, junto a uma harmonia bem sincronizada. Nada demais, mas dá pra costumar bem com ela...

Madagascar: Uma música com o nome de um país africano para um disco chamado “Democracia Chinesa”. Apesar disso, traça uma linha meio progressiva, que, dentro do experimentalismo do CD, chega a ser curioso. Em uma das partes, há flashbacks de vozes – uma delas é a que aparece na narrativa da música “Civil Wars”, clássico da banda. Os elementos, alguns até sinfônicos, criaram uma atmosfera que fará os ouvintes viajarem nos trechos de transição.

This I Love: Chega a ser engraçada, com vocais e instrumentais baixos – até orquestrados em algumas partes. Mas curioso mesmo são os efeitos típicos de videogames – como aqueles dos menus de opções dos jogos –, que aparecem durante toda a canção. O melhor de todos é o que lembra um machado sendo arremessado, com o som de corte no vento. A música, porém, apesar de ter uma letra longa, não consegue prender a atenção, pois o ouvinte estará se divertindo com os efeitos.

Prostitute: Talvez os fãs cheguem na última faixa já sem paciência, mas “Prostitute” é uma boa música. Nada que confirme os quase 15 anos de gravação e produção, claro, mas aqui os refrões ganham o destaque característico que a banda sempre colocou em outras músicas famosas. Os solos de guitarra também aparecem em momentos interessantes. A música ganha cerca de um minuto instrumental ao seu final, talvez para brincar com tempo, que foi a marca registrada do "Chinese Democracy".

Curiosidades acerca do disco

-> O álbum demorou tanto tempo a sair que muitos acharam que era mesmo lenda e que ele nunca sairia. Várias foram as vezes que chegou a ser anunciado, sem, no entanto, chegar às lojas. A empresa americana Dr. Pepper chegou a anunciar que daria uma lata de seu refrigerante a cada norte-americano se o lançamento acontecesse. Só que agora ela vai ter mesmo que pagar, pois o disco vai sair. O cadastro para receber as latinhas de graça no evento será feito pela internet, no site da Dr. Pepper. Uma grande jogada de marketing: vincular o produto ao lançamento mais aguardado da década.

->
O Guns promoveu um campeonato de “air guitar” (técnica com a qual as pessoas imitam solos de guitarra, como se estivesse realmente tocando o instrumento). Qualquer um pode inscrever um vídeo no Youtube, mas a performance tem que ser ao som de uma música da banda. O vencedor ganhará um CD “Chinese Democracy” autografado no dia de lançamento (25).

-> Quando finalmente a banda marcou o dia de lançamento do disco e disponibilizou o download das músicas para as rádios, elas vazaram e começaram a circular na internet. Quatro das músicas foram mantidas em um sigilo maior e são mais difíceis de encontrar na “grande rede”: “Shackler's Revange”, “Scraped”, “This I Love” e “Prostitute”. Além disso, por algum tempo, foi mantido mistério quanto à verdadeira capa do “Chinese Democracy”.
(Veja no mosaico no começo da matéria a capa original e algumas que apareceram na internet como supostos encartes.)


CHINESE DEMOCRACY (link para baixar)
http://rapidshare.com/files/164015371/GNR-SKHR-______Castelano_.rar


TRACK LIST:

1) Chinese Democracy - 4:42
2) Shackler's Revenge - 3:36
3) Better - 5:10
4) Street Of Dreams (a.k.a. The Blues) - 4:46
5) If The World - 4:59
6) There Was A Time - 6:34
7) Catcher In The Rye - 5:52
8) Scraped - 3:26
9) Rhiad N' The Bedouins - 3:46
10) Sorry (feat. Sebastian Bach) - 6:11
11) I.R.S - 4:41
12) Madagascar - 5:52
13) This I Love - 5:37
14) Prostitute - 6:15

Eu daria nota 5 pelo disco, mas pela importância que ele terá na história do rock, mereceria 10. Então, pela média, 7,5.


NOTA 7,5

2 comentários:

Valdir Souza disse...

Chinese democracy foi uma promessa que ouvi por praticamente 1/4 de nossas vidas!!! Pra quem tem 20 e poucos anos é uma eternidade! Me lembro das conversas no CEM, até mesmo da Valquria, que era muito fã de guns... e esse lançamento e anacronismo puro.. não boto fé em bandas de outras décadas querendo voltar. Preferia que elas continuassem tocando as clássicas, porque sempre vai ter gente querendo ouvir AQUELE guns, e não esse repaginado sem slash e talz..

Filipe MalKaviaN disse...

Bom.. o CD tá maneiro, mas tem muita sujeira no som... em certas músicas vc não identifica a identidade do Guns.. parece um bando de New Metal.

Mas como essa não é a versão definitiva... aguardaremos a mixagem final!

Abraços Kino!